quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Uma Carta Qualquer


Todos os corpos celestes
Conspiram a nosso favor agora
E todo tipo de vida lá fora
Veja só onde estamos
É tudo tão estranho
Mesmo assim você me vê
E também vejo você
Qual é o medo hoje?
E o motivo de amanhã?
Eu sei, nada é como antes
Porque antes o agora era pra depois
E agora o depois ficou pra hoje
E o que fizermos vai ser compensado
Pode apostar, não estamos sós!
Tudo o que precisamos é só de nós
Eu e você
E deixar tudo pra lá...
Ah, hoje o dia nem parece querer acabar!
E quero poder te olhar até a noite chegar
E quando vier
Aquelas bobas razões que eu tinha
Irão se desfazer
Pois agora terei você
E não quero te perder
O mundo é nosso, meu bem
E tudo além dele, também
É tudo feito de mim pra você
Espero que não tenha medo
De deixar tudo se desfazer...
Não há nada a temer
Amor, você tem a mim do seu lado
E vim pra te proteger
Quero que seja o último primeiro
O primeiro e único verdadeiro
Na eterna verdade
De um amor à moda antiga.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Dez de Outubro


E a chuva chegou
Trazendo aquela nostalgia
Uma fragrância com aroma de Erva-Doce...
Um velho livro amarelado
Uma xícara de café
E um cigarro esfumaçado
E o cigarro se apaga
E o café esfria
E o livro é guardado
Mas o aroma permanece...
E vai permanecer até que a chuva se finde...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Conflito Elementar (II)


Lixo da semente que sente o presente ausente da ausência.
Pássaro que semeia a semente do ausente presente da presença.
Lixo que o pássaro semeia sendo semeado pela triste presença da miséria.
Miséria que nos semeia a vergonha de ser pássaro e voar pelo lixo semeado pelo homem.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Jane e seu Jardim


Atrás daquela janela há um quarto escuro
Paredes sujas, rachadas e rabiscadas
E naquela cama deita um anjo sem luz
Seu nome é Jane.
Jane-Quer-Ser-Feliz.
Muitas vezes quis alguém
Pra que pudesse sorrir, também
E queria ter um abraço, ter um beijo ou uma vida
E buscava, e tentava, e corria, e caçava...
Encontrava tanta gente... Gente que nunca se encaixava
Com o tamanho dos seus sonhos, com o que Jane planejava.
As esperanças se esgotavam a cada beijo experimental
Percebia que todos lhe causavam certo mal
Escolheu a solidão, então.
Mas um dia, caminhando por aí, sem querer
Jane encontrou um Jardim sem amor
Decidiu cuidar das flores mortas e da grama... Dar cor...
E durante muito tempo Jane vinha até o Jardim
E sentava, e lia um livro, e plantava mais flores
O Jardim, então, se tornou o seu amor
Jane punha muita vida em cada folha, cada flor
As mais lindas borboletas lhe faziam companhia
E a vida de Jane teve, enfim alegria.
E naquele quarto atrás daquela janela está Jane
Escolhendo um novo livro para ler pro seu Jardim.
Jane agora compreende que nem tudo será
Do jeito que sempre quis. Mas Jane soube esperar.
Hoje tem seu grande amor.
Hoje sorri, enfim.
Jane agora é feliz cuidando do seu Jardim.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Raindrops Blues

Noites calmas, cobertas de escuridão e frio
Incertezas pálidas, íngremes, a frio...
Saltos, gritos, choros e rabiscos
E o Cinturão de Órion me distraindo riu
Do céu caem gotas puras de almíscar
Esparzindo seu suposto aroma
Induzindo-me ao coma
De meus pensamentos férteis
Mas a tempestade é calma
É fria, cinza e alcoólica
Minha calma é eólica
Redundante, reticente...
E você, me sente?
Sinto-me transparente pelos receios dos meus passados...
Meu espírito me deixa levar
Pelo vento frio que me balança
E nossa fé se funde
Na mesma antiga sintonia.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Ariano sem par (Ou um androide qualquer)


É solidão
Talvez eu aprenda a conviver com ela, um dia...
Talvez eu viva rejeitando sua existência...
Sua sombria existência
Mas eu não posso mudar o que já existe
E não posso fingir, já que estou triste
Os livros, os discos, os passos, os fatos
Eles insistem que eu tenho que ser feliz
Ser o que um dia eu quis
Mas quando volto tarde pra casa
Não, não há para quem telefonar
E no longo caminho
Não há ninguém a me esperar
Pra me perguntar como foi meu dia
Pra me dar um pouco de alegria
E companhia
Antes de me deitar
E os beijos de boa noite nunca existiram
Não existiram os abraços quentes também
E quando o frio se fez presente
A felicidade estava ausente
E ninguém ali, pra me aquecer
E tudo parece perecer
Enquanto me perco em sonhos baleados
Não, não há ninguém do meu lado
E nunca houve alguém...
Nunca houve alguém.

"Acho que a gente é que é feliz"

Quem é que fuma cigarros de aranha?
Ou se deita ao meio-dia no meio da grama?
Quem faz festa nos dias de tristeza?
E faz “pinga com fogo” em cima da mesa?

Quem sobe no muro pra tentar ser gato?
E faz do gato “gato e sapato”?
Quem tem um “Pé Preto” dentro de casa?
E quem é que consegue voar só com uma asa?

Quem presume saber tudo?
E tem a maior atenção do mundo?
Quem faz chá sem graça pros amigos?
Quem finge ler seus livros?

Quem venera uma voz irritante?
E brinca de voar na escada rolante?
Quem já se apaixonou por um homenzinho virtual?
E diz pra todo mundo que é legal não ser normal?

Quem olha para o céu e tenta ver plutão em Aquário?
E quem já construiu um mundo imaginário?
Quem consegue ser homem e mulher
E ainda assim não saber o que quer?

Quem já chorou por não ter tido sexo?
E acorda cedo falando coisas sem nexo?
Quem oferece um sofá aconchegante?
E quem consegue ser tão brega quanto elegante?

Quem sai da aula pra reclamar da vida?
Quem jura que pra tudo há saída?
Quem consegue odiar após morrer de amor?
E quem sente o prazer do abraço da dor?

Quem se perde nos dias da semana?
E quem prefere ketchup com banana?
Quem adora desarrumar a cama?
E quem é que nunca amou uma Juliana?

Quem nunca amou uma Juliana...
Esse sim não sabe o que é viver!
O prazer de sofrer em conjunto
E a dor de ser feliz nesse mundo

Amar uma Juliana
É como lembrar-se de esquecer
Só quem ama uma Juliana
É capaz de sobreviver.

sábado, 4 de junho de 2011

Vênus

Contemplamos o céu, as estrelas, o infinito, o limite humano.
Presenciamos nossa vida nos assistindo em "slow motion"
Estamos no mesmo nível de conhecimento:
Somos e sabemos que somos quem somos - sendo.
Não duvide de mim, eu vejo o que você vê
Eu quero o que você quer
Eu sou o que você é...
Não me sinto triste por nossa relutância
Mas feliz por saber que isso nunca aconteceu.
Confie em mim, pegue minha mão
Vou te levar para o mundo que foi feito para nós e sempre existiu...
e sempre esteve ali... e sempre existiu... 
Nossa dor nos alimenta
Nosso ar, nosso fogo, nossa terra... sua água...
Não sou quem eles foram e sinto que você também não.
Não vê? Nascemos um para o outro. 
Somos feitos da mesma essência, a mesma fragrância, o mesmo toque suavizador
Que faço com essa vontade de correr pros seus braços?
Que faço com esse medo de nunca poder tocar você?
Talvez eu já conheça essas respostas
Talvez você realmente precise do meu agir
E eu adoro o seu esperar...

domingo, 29 de maio de 2011

Quando o fogo não agiu


Eu sei porque tudo aconteceu dessa forma
Indesejada, previsível, súbita, lenta e cômica, às vezes...
Falta-me poder, falta-me iniciativa e sobra-te paciência.
Somos tão jovens e já não somos mais crianças
Todos os passos dados exigem muito de todos nós
E isso pode ser muito caro, se comparado à realidade.
Talvez meu problema seja o vôo que vivo
O nado aéreo
O eterno nado aéreo.
O que há para nós?
Há algo para nós?
O que mais me dói é saber que tais respostas
jamais me serão concedidas.
O universo conspira a meu favor, eu sei.
Mas talvez isso não funcione para ambos de nós
E o meu defeito é querer sempre mais, e mais, e mais...
Tanto!
E quando percebo, no final, não quero nada.
Maldita instabilidade!
Maldito ser mutável!
Maldita lua mutável!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Conflito Elementar 1

...é que quando eu me lembro que preciso respirar, percebo que, não raro, me falta muito ar.
Ou será que meus pés estão mesmo muito distantes do chão?
Ou será que meu impulso fatal me corroeria interna e suavemente?
Ou será que meus sentidos me faltariam com coerência no final das auto-avaliações?
Mas meu espírito retém o que não existiu, e continuo a aprender a não ser.
Afinal é assim que se chega a algum lugar.
Não ser ou ser pouco?