quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Platonismo


Eu só quero que você me queira
E isso não seria menos egoísta
Isso não significa que seria seu
Isso jamais te faria meu
Mas só queria que me desejasse

Tudo o que você faz me deixa perdido
E você não é capaz de me encontrar
Seja em casa, seja na rua, seja no movimento desajeitado de seus olhos
Ou mesmo nos "vãos-e-vens" de seus lábios suados
Tampouco me encontraria em você

Eu quero muito que me queiras!
Porque aprecio o seu gostar de alguém
Invejo os donos de seus olhos
Ou talvez o dono do botequim que você frequenta
Principalmente o garçom que te atende

Queria ser seu grande amor
Pra receber de você as mais melosas poesias
E as canções mais piegas que você compõe
E poder gozar de seus beijos
"Imaginavelmente" coloridos

Penso no quanto seria feliz se me quisesse
Se pudesse se confessar meu admirador quase secreto
E roubar o meu encalço
Só pra enxergar minhas costas
Enquanto vago pra lá e pra cá

Mas "não-me-querer" não significa "não-me-quererá"
E "não-me-quis" não significa "não-me-quer"
Quem sabe o seu malquerer seja todo o seu quero?!
Ou o meu "querer-que-me-queiras" seja "querer-me-querido"?

No entanto, enquanto espero que queira-me
Quero-me como nunca me quis
E quero-te mais que quero que queira-me.



quarta-feira, 12 de junho de 2013

Náufrago



A maré
Viajar em dois universos e ainda se manter em seu lugar
Colher estrelas maduras para enfeitar a cesta de "café da noite"
Ouvir todos os dias as mesmas palavras
E continuar desejando ouvi-las

A maré transborda, chacoalha
Leva e traz amores suburbanos, quixotescos, rubros
E molha as margens de algures com as energias oceânicas

A maré
Um som cacofônico e poético
Sublime e simples
Pertencente a ninguém
Transeunte presente em muitas calçadas
Das ruas da vida

Amar é
Está baixa.
Carregada, todavia, de sonhos e desejos humanos
Limitados ao vão dos alienadores e dos alienados
Que se contentam com seus cartões felicitativos 
E tentam dormir em paz.


sábado, 25 de maio de 2013

Amor Omnia Vincit


O que é isso?
De onde vem?
Uma vida
Um mundo único
Completamente próprio
Que se funde ao meu
E se faz um, comigo
Será que esse é o amor do qual todos vivem falando?
Será que estou pronto?
Está chegando a hora, eu vejo
E isso tem mexido comigo
Com meus músculos
Com meu humor
Com minhas horas
Com meu estômago
É completamente novo
E é meu. Só meu.
Em algum momento de nossas vidas, será do mundo
Mas continuará sendo meu.
Só meu.
Tenho notado as estrelas
E a lua, outrossim
Essas coisas tão presentes
Das quais todas as pessoas se esquecem
Por causa das grandes rotinas e capitais idem
Mas tens me feito perceber
Detalhes da vida, coisas pequenas
Que tem feito tanta diferença!
Amo-te tanto!
E sei que também me amas.
Embora ainda não tenha visto teus pequenos olhos
Ou tocado tuas mãos, tua pele pura
Tenho te protegido, aqui
Mas pareces tão frágil!
Tão descuidado, tão vulnerável... Tão dependente!
Que tenho medo até de te tocar.
Falta pouco, agora.
A ansiedade quer me devorar
Mas cada dia desde sua chegada em meu ventre
Tem valido a pena
E valerá ainda mais, eu sei.
Porque a vida que carrego hoje, comigo
Já é amada por mim
E é isso o que importa.
E mesmo que o mundo tente te fazer escolher outros caminhos, diferentes dos meus
O meu amor jamais se transformará.
Porque o tempo está cuidando do nosso sentimento hoje
E nada o destruirá.
E quando, enfim,  estiver em meus braços
Assegura-te de uma coisa:
Não importa como você esteja.
Eu aprendi a te amar.
Porque você é meu.
Só meu.







Thanks to Béu and Duda and all the mothers and kids in this world inspiring me to write that.
And special thanks to D.J. for loving me.



quarta-feira, 22 de maio de 2013

Esperança [Reflexo de Transparência] (Recortes II)


O tempo tem passado depressa
Muita coisa entre nós cresceu
E o que vivíamos, antes, continua vivo.
E o que sentíamos, ainda sentimos

E todas aquelas horas ao telefone
E cada segundo em silêncio
E cada suspiro
E cada riso
E cada voz
E cada beijo
É teu.
E tem sido apenas teu.

És o dono de cada sentimento
De cada momento
E cada pedaço do que fiz com teu coração
Tem sido amado pelo meu, em segredo, durante a noite
E as flores que foram cortadas do jardim
Enfeitam um caminho novo, polido, limpo... Limpo!

Todo o meu amor é teu.
E isso, ninguém pode te roubar.

Por mais que os anos passem
E a gente envelheça
Tu sempre serás o meu Cavaleiro.
E eu sempre serei teu Príncipe.
Porque nós nunca vamos morrer.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Memória


Preciso manter o controle
Voltar a ter a luz
Encontrar um foco, focar os olhos
E rumar para o norte
Estou perdendo os sentidos
Perdendo o cheiro, o sabor, o sim e o não
Cobrindo toda a virtude
E revelando uma fria camada de solidão
Não sei pra onde ir
Em qualquer lugar, seria assim:
Quero demais. Mais do que podem me oferecer.
E querer me faz sofrer.
Não estou seguro de nada
E "nada" nunca é "nada".

Queria um banho de certezas
E um sorriso de manhã...
Queria um sonho, também
Pra seguir, sem ter que seguir sozinho...

Porque preciso sonhar um sonho para dois.

Preciso manter o controle...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Recortes [I]

Eu não quero curtir.
Quero me prender.
Quero um amor que me enlouqueça
Que me aprisione
Que me liberte...
Que seja hecatombe,
Que seja panaceia...
Quero um amor que invada e inunde minhas manhãs
E que me faça ser apaixonado pelo mesmo homem todos os dias de minha vida...

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Nó da Gravata


Este sufoco
Vil e honesto
Tão severo e torturante
Me aprisiona dentro de mim

Humilde sufoco!
Senta-se tão robusto em sua banqueta 
Com paletó e gravata-borboleta 
Daquelas que não se usam nós.

E eu morro a cada segundo
Aguentando e segurando os pingos
De cada "i" que ficou imerso
Na imensidão do meu pensamento secreto.

Correndo suado, eu 
Fugindo de alguém... De quem?
De mim?... De mim.
Do meu próprio medo, ao qual me fiz refém

Escravizei minha solidão.
Escravizei minha alma.
Acorrentei as duas amigas
E as lancei no profundo ar... 

Esse sufoco esdrúxulo!
Maldito filho do erro!
Tem culpa no cartório
E de mim não faz zelo...

Também, pudera
Eu, inútil iniciante
Soprei apenas uma vela...
E o que faço com as restantes?