sexta-feira, 15 de junho de 2012

Presságio



Abracei o silêncio do meu lado
Chorei a dor em seus ombros frios
E ele me enxugou o rosto molhado

No meio dessa escuridão faminta
Perdi o meu sorriso, já consumido
Juntei pedaços de mim mesmo
Que não se encaixam

E caio num chão tão vasto quanto eu
E a intuição me dá esperanças
Mas, quê são elas se não há mais nada?

E todas as flores se quebraram
Porque todas elas eram de plástico
Ainda existia o perfume
De algumas delas no quarto

Poderia ter sido mortal se não tivesse sido sutil
É o perigo de ser intenso e acabar se entregando
Ao que os outros põem em nossas cabeças
Ao que escrevem nas canções e nos cartões
De “feliz-dia-dos-namorados”...

Abracei a escuridão no meu quarto
Sorri o sufoco que me assassinou
E ela me disse que era você.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Lamúria Narcisista (Quis custodiet ipsos custodes?)



Eleito agora, o tédio permanece, então, imóvel
Retida a novidade, tenho ainda a liberdade
E a alma displicente não sugere nada novo
Não há, além do medo, outro grande pesadelo

Um copo de veneno misto de café
Preciso despertar a intolerância
E acertar com uma faca cega a ignorância
Deixar reinar o sol

Queimando, sol que queima
Queimando a dor que teima
Que queima o sol queimando
O fogo que vadeia

Quem cuida dos anjos?

A dança de dois sóis a sós
O solo do solitário (o lunático autoritário)
Somente a soma subtraída
De resultado dois e de um
De “igual a dois” e de “menos um”

Quem guardará os guardiões?