terça-feira, 20 de novembro de 2012

Panaceia


Caminho na chuva
Ninguém me vê... Ninguém existe.
São lágrimas, aqui.
Deixem-me chorar!
Eu preciso estar triste...

Atiraram-me ao rio
Meu corpo flutua "demi-sec"
Seu corpo nu reflete em minha tez pálida
Tento não imergir
Você me puxa, me assopra. 
Sou uma folha...
Voo. 
E sou tão sensível! 
Seu toque parte-me ao meio. Parte-me em mil pedaços...
Inexisto, então.
Transformo-me em poeira
E invado seu quarto
Invado sua vida e invado suas narinas
Estou em você.
Respiro toda a sua respiração
Faço parte do seu ar
Danço em seus pulmões manchados de cigarros
E tento encontrar meu lar
Mas um impulso me domina
Saio, com o vento
E estou deitado ao seu lado
Ofegante, suplicante
Seus olhos me maltratam
Há sangue dentro deles, consigo ver, agora
Preciso de uma fuga.
Estou caindo, novamente
Estou no abismo mais profundo:
Seus dedos.
Eles transam a minha inocência 
E me fazem criança no cômodo incômodo de seu colo
Você tragou minha vida
Como trago esse desconhecido esfumaçado que compartilhamos.

Adormeço.

Outro relâmpago.
A chuva está forte.
E a tristeza foi só uma folha que chutei sem querer.





Special thanks to Fluvial Waters. You always kept me awake. 



Nenhum comentário: