segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Sonhado.




Sombra e água fresca.
O relógio parou no tempo.
O tempo moveu-se contra mim
E se atirou do abismo.
voo da liberdade...
O tempo suicidou-se.
E agora não temos mais tempo!
E temos tempo pra qualquer coisa.
Posso me deitar e nunca mais me levantar
Porque o “nunca mais” também morreu.
E o “pra sempre” agora é eterno
O amor também parou no tempo.
E agora está livre pra caminhar nas calçadas
Com passos tão calmos quanto aos daquele senhor
Que não sabe bem pra onde vai
Mas vai pra alguma direção.
O dia não é mais dia.
A noite, tanto faz.
E tudo se encontrou
Porque o mundo voltou-se para sua posição natural:
De cabeça para baixo.
As pessoas perceberam que a vida realmente existia
E começaram a usá-la.
Porque o tempo não era mais o vilão da história.
E não era, também, a desculpa que todos usavam
Morreram os atrasos, os erros, os versos e as relojoarias
Mas perdi o controle.
E a minha vizinha também perdeu.
O tempo era a peça que faltava...
E ninguém ainda entendeu.
É o veneno que desperta.
É o hálito refrescante da morte – que usa creme dental de hortelã.
O beijo envolvente que nos leva às profundezas
De algo que não vejo, porque meus olhos estão fechados.
E os da minha vizinha também estão.
E quando o copo de água se esvazia
Percebo que nada mudou.
Tudo está diferente.
Mas nada mudou.
O ponteiro do relógio gira com uma perita paciência
E o garçom me pergunta se vou pagar com dinheiro ou cartão.

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