Sombra
e água fresca.
O
relógio parou no tempo.
O
tempo moveu-se contra mim
E
se atirou do abismo.
O voo da liberdade...
O
tempo suicidou-se.
E
agora não temos mais tempo!
E
temos tempo pra qualquer coisa.
Posso
me deitar e nunca mais me levantar
Porque
o “nunca mais” também morreu.
E
o “pra sempre” agora é eterno
O
amor também parou no tempo.
E
agora está livre pra caminhar nas calçadas
Com
passos tão calmos quanto aos daquele senhor
Que
não sabe bem pra onde vai
Mas
vai pra alguma direção.
O
dia não é mais dia.
A
noite, tanto faz.
E
tudo se encontrou
Porque
o mundo voltou-se para sua posição natural:
De
cabeça para baixo.
As
pessoas perceberam que a vida realmente existia
E
começaram a usá-la.
Porque
o tempo não era mais o vilão da história.
E
não era, também, a desculpa que todos usavam
Morreram
os atrasos, os erros, os versos e as relojoarias
Mas
perdi o controle.
E
a minha vizinha também perdeu.
O
tempo era a peça que faltava...
E
ninguém ainda entendeu.
É
o veneno que desperta.
É
o hálito refrescante da morte – que usa creme dental de hortelã.
O
beijo envolvente que nos leva às profundezas
De
algo que não vejo, porque meus olhos estão fechados.
E
os da minha vizinha também estão.
E
quando o copo de água se esvazia
Percebo
que nada mudou.
Tudo
está diferente.
Mas
nada mudou.
O
ponteiro do relógio gira com uma perita paciência
E
o garçom me pergunta se vou pagar com dinheiro ou cartão.
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